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sábado, fevereiro 03, 2007

Fico pensando em closes quando estou conversando com as pessoas...

"Quando saíamos dos estúdios, Tati sentava-se comigo na varanda de uma café e observávamos juntos os transeuntes. A maioria não nos chamava a atenção. Mas, repentinamente, alguém aparecia, atraindo-nos por algum detalhe; um olhar, alguma coisa especial em relação às roupas ou ao corpo. Esse era nosso retorno à fonte. É preciso observar, ver e imediatamente começar a imaginar, trocar a passividade pela atividade, tentar projetar sobre esse encontro casual uma história, uma anedota, um infortúnio, um acidente que pareça ajustar-se aquela pessoa. A rua inteira, a cidade, e - por que não? - o vasto mundo e todos os habitantes do planeta precisam existir apenas como um pretexto para um enorme filme cômico, cuja invenção era nosso ofício.
Durante muito tempo prossegui com esse "trabalho" - considerando o mundo como um pretexto para filmes -, em todos os seus diferentes aspectos, como Pierre Etaix, Luis Buñuel, Milos Forman e Peter Brook, entre outros. É claro que cada um de nós vê apenas o que combina com seu gosto ou interesse. Um homem que manca pode parecer engraçado ou digno de pena, dependendo do nosso olhar. Lembro-me de Milos Forman na varanda de um café, observando o ir-e-vir de transeuntes e prostitutas num cruzamento de Pigalle e resmugando desconsoladamente:
- Só Deus poderia ter dirigido isso!"
Jean-Claude Carriére em A Linguagem Secreta do Cinema (Pág. 154).
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